'Quanto mais sangue rolava no Rio, mais dinheiro o Rivaldo Barbosa botava no bolso', diz Lessa em audiência do caso Marielle

  • 28/08/2024
(Foto: Reprodução)
No segundo dia de depoimento no STF, assassino confesso de Marielle Franco, o ex-policial Ronnie Lessa iniciou a audiência apontando que a Divisão de Homicídios sob a gestão do delegado era corrupta: "não prendia rico, apenas pobre". Defesa de Rivaldo protesta: "Tudo o que ele não viu, ele não pode afirmar". Ronnie Lessa em depoimento no STF Reprodução No segundo dia de depoimentos no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (28) o ex-policial Ronnie Lessa iniciou as perguntas feitas pela Procuradoria Geral República (PGR) apontando que a Divisão de Homicídios (DH), da Polícia Civil, praticava casos de corrupção sob a gestão do delegado Rivaldo Barbosa. "Quanto mais sangue rolava no Rio mais dinheiro o Rivaldo Barbosa botava no bolso", disse o assassino confesso de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segundo ele, o delegado foi um dos idealizadores da renovação da DH: "O Rivaldo é um dos idealizadores do sistema e do que se tornou o que era chamado de 'super DH'. Disseram que a delegacia passou a usar técnicas do FBI. Nada mais aconteceu do que se valorizou o preço da propina. Não vai deixar de ter 'arrego'. Uma morte que a delegacia recebia R$ 1 milhão vai passar para R$ 5 milhões", contou. A declaração fez o advogado Felipe Dalleprane, um dos defensores de Rivaldo a interromper o depoimento: "Tudo o que ele não viu, ele não pode afirmar. A gente não pode dar a amplitude ao depoimento da testemunha sem ela apontar de quem ouviu essas questões". O desembargador Airton Vieira, que conduz as audiências do caso Marielle no STF, autorizou que Lessa, réu colaborador, mantivesse seu depoimento e apontasse de onde ouviu as informações caso se sentisse em condições disso. "Eu sou réu confesso. Eu atirei na Marielle. No dia seguinte ao crime eu vi o Rivaldo abraçado à família da vereadora. Aquilo causou náusea em quem atirou. A mente dele é voltada para o mal. Cheguei a comentar com o Macalé (Edmílson Oliveira da Silva) e colocou a mão na cabeça. Quando a gente fala da DH, a gente fala do Rivaldo". Todas essas histórias, Lessa conta que ouviu do advogado Nélio Andrade, de Macalé, que aponta como seu comparsa nas morte de Marielle e Anderson, além do capitão Adriano da Nóbrega, chefe do Escritório do Crime, grupo de assassinos de aluguel do RJ. Todos já mortos. "Eu estou vivo. Não posso deixar de falar o que eu sei. Nada ia para frente. Nada se apurava na polícia", contou Lessa. Adriano da Nóbrega Em seu depoimento, Lessa contou que tinha negócios na favela de Rio das Pedras como máquinas de jukebox e uma academia. Resolveu deixar o local quando o capitão Adriano da Nóbrega pediu a ele, através do tenente João André Ferreira, que incluísse R$ 30 mil mensais em seu livro de contabilidade. De acordo com Lessa, a ideia era 'lavar dinheiro' do capitão. Adriano da Nóbrega e o tenente João eram os chefes do chamado Escritório do Crime. "Dizer não a eles era o mesmo que xingar a mãe deles. Ali ficou um arranhão. E um problema com o Adriano representava a morte. Era 2015, o auge do Escritório do Crime e quem passava a mão na cabeça era a DH", disse. Relatório da Polícia Federal aponta que as investigações de, pelo menos, cinco mortes violentas que tiveram a participação do chamado "Escritório do Crime", no Rio, não foram concluídas pela Delegacia de Homicídios (DH) da Capital. Os assassinatos, que foram motivados principalmente pela disputas com caça-níqueis, ocorreram entre 2011 e 2018 O tenente João, como era chamado, foi morto em 2016, na Ilha do Governador, na Zona Norte da cidade. Já o capitão Adriano morreu em confronto com a polícia, no interior da Bahia, em fevereiro de 2020. Em nota, a Secretaria Estadual da Polícia Civil do RJ se manifestou sobre as declarações de Lessa. A seguir, a íntegra da nota: "No que diz respeito ao depoimento do criminoso citado, a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) informa que a declaração, por si só, não tem nenhum crédito se não tiver outros elementos que corroborem as afirmações. Vale ressaltar que o assassino foi preso pela Delegacia de Homicídios pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes; logo, ele tem todo o interesse de desqualificar o trabalho da unidade. Além disso, é acusado de lavagem de dinheiro, organização criminosa e outras mortes; já tendo sido indiciado por quatro homicídios consumados e um tentado (incluindo as mortes de Marielle e Anderson e a tentativa contra a assessora da vereadora). A Sepol destaca ainda que, no fim do ano passado, a atual gestão criou um grupo de trabalho no Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), para analisar os inquéritos de homicídios ainda sem solução e os que porventura ocorram, relacionados ao crime organizado nas suas principais frentes de atuação: milícia, tráfico e contravenção; reforçando seu compromisso de combate ao crime em defesa da sociedade". Depoimento no STF Ronnie Lessa começou a depor no STF nesta terça-feira (27). Por 5 horas, ele respondeu a perguntas do promotor Olavo Pezzotti, representante da PGR, na audiência. Lessa contou que matou a vereadora Marielle Franco por ganância. Segundo ele, os valores que foram prometidos a ele pelo crime beiravam R$ 25 milhões. A quantia seria o valor estimado dos dois terrenos que teriam sido prometidos pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, numa localidade no Tanque, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade. Nesta quarta (28), a audiência foi retomada com Lessa voltando a responder a perguntas da PGR. Assim que terminar, o réu colaborador responderá a perguntas das assistentes de acusação e de defensores públicos que representam as famílias de Marielle, de Anderson e da assessora Fernanda Chaves, que sobreviveu aos disparos feitos por Lessa. Há expectativa de que os advogados dos 5 réus comecem a questionar Lessa nesta quinta-feira (29). Respondem a esse processo no STF: Chiquinho Brazão, deputado federal, e o seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Ambos são apontados como mandantes do crime. O delegado Rivaldo Barbosa, da Polícia Civil do RJ, é acusado de saber do crime antes da execução de Marielle Major Ronald Paulo Alves Pereira, denunciado pela PGR, por monitorar os passos da vereadora Robson Calixto Fonseca, o Peixe, assessor de Domingos Brazão, e apontado por sumir com a arma do crime.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/08/28/caso-marielle-quanto-mais-sangue-rolava-no-rio-mais-dinheiro-o-rivaldo-barbosa-botava-no-bolso-disse-lessa.ghtml


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