Professor investigado por racismo em roda de samba diz ter imitado macaco e ‘outros bichos’, como pássaros e elefante

  • 28/08/2024
(Foto: Reprodução)
Em depoimento, Thiago Maranhão diz que 'sempre utilizou a diversidade cultural do país como tema para danças'. Argentina que também foi filmada imitando macacos no mesmo local também disse que imitou outros animais e dança não tinha sentido discriminatório. Polícia quer saber se argentina filmada imitando macaco em roda de samba ainda está no Brasil O professor de música Thiago Martins Maranhão, de 41 anos — que foi filmado, em julho, junto da argentina Carolina de Palma imitando macacos durante uma roda de samba no Centro do Rio de Janeiro —, afirmou em depoimento à polícia que imitou esse e outros animais “durante uma dança criativa”. Ele descreveu que ele e Carolina “imitaram vários bichos, entre eles, caranguejo, pássaros, elefante e macaco, além de uma árvore”. Carolina também deu um argumento semelhante através da sua defesa (veja a nota dos advogados no fim da reportagem). Os advogados disseram que a dança realizada por ela "não tinha sentido discriminatório, tendo sido inclusive imitado movimentos de outros animais durante a dança, tais como pássaros e caranguejos". A justificativa de Thiago consta no depoimento do homem, dado no último dia 2 de agosto, à 2ª Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais, contra Diversidade Sexual e de Gênero e outros Delitos de Intolerância (Decradi) em São Paulo, no inquérito da Polícia Civil do RJ que apura racismo. Na declaração, obtida pelo g1, Maranhão afirmou que conhecia Carolina de Palma desde 2023, quando ambos fizeram um curso de música e movimento em São Francisco, na Califórnia. Ele afirmou que, no dia 19 de julho, saiu de São Paulo e foi ao Rio para encontrar amigos, que participavam do Fórum Latino-americano de Educação Musical (Fladem). Eles teriam combinado de encontrá-lo na roda de samba Pede Teresa, por volta das 22h30. Lá, Thiago disse que encontrou 4 professores, incluindo Carolina. Ele relatou que junto da argentina, “começou a realizar as danças criativas desse curso, do começo ao fim do evento, as quais consistiam em um imitar o outro, explorar danças juntos, além de danças folclóricas”. Polícia do RJ investiga casal filmado imitando macacos em roda de samba em Santa Teresa, região central do Rio de Janeiro Reprodução Thiago afirmou que “durante a dança criativa, imitaram vários bichos, e que não foram interrompidos ou abordados por ninguém durante todas as danças”. Segundo o professor, eles só pararam de dançar por volta das 2h [do sábado, 20 de julho], quando “perceberam que o celular de uma amiga havia sido furtado da bolsa”. Em seguida, após falarem com os seguranças, foram embora. Thiago afirmou que na manhã do sábado entrou no perfil da roda de samba e “viu o vídeo recortado, que apenas mostrava o momento em que imitavam um macaco e uma árvore”. O homem relatou ainda que o vídeo era “um trecho recortado, fora do contexto” e que, se estivesse dançando de forma preconceituosa, “certamente seria interpelado por alguém”. O professor contou ainda que “após a divulgação do vídeo recortado, passou a ser atacado nas redes sociais e sofrer uma campanha difamatória na imprensa”, após a criação de ”uma narrativa, baseada em um trecho de um vídeo, gravado sem autorização”. Em sua defesa, Thiago Maranhão afirmou que “sempre utilizou a diversidade cultural do nosso país como tema para danças” e que “não agiu com nenhuma intenção de inferiorizar a cultura das pessoas presentes”. Ainda de acordo com Thiago, a jornalista Jackeline Oliveira — que fez as imagens — agiu de “forma leviana e mentirosa, como se fosse um ato de racismo, tão somente divulgou imagens de uma mínima dança”. O g1 entrou em contato com a defesa de Thiago Maranhão, que enviou uma nota na qual reforça o que ele disse no depoimento (veja no fim da reportagem). Thiago Martins Maranhão, 41 anos, é carioca e vive em São Paulo, onde dá aulas de música. Reprodução/TV Globo Argentina ainda não prestou depoimento presencial Mais de um mês da divulgação do caso, a argentina Carolina de Palma não prestou depoimento presencial. A mulher, que mora em Buenos Aires, constituiu um advogado brasileiro, que informou à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do RJ que ela escreverá uma carta, contando sua versão dos fatos, e que será incluída no inquérito por petição. Segundo a polícia, Carolina chegou ao Brasil no dia 14 de julho para participar de um seminário organizado pelo Fladem. A argentina deixou o país no dia 21 de julho e chegou a Buenos Aires em 22 de julho. O que diz a defesa de Thiago A defesa do professor diz que: "No dia dos fatos ele estava em uma roda de samba junto com sua amiga, que também é professora de dança. Começaram a fazer danças criativas imitando um ao outro, imitando objetos, como espelho e árvore, animais, entre eles caranguejo, pássaros, elefante e macaco, e outros. Também dançaram samba, jongo, capoeira e maracatu, durante a noite. Infelizmente, a noticiante divulgou apenas uma fração da dança, que dura 17 segundos, mesmo assim, é possível ver a imitação de caranguejo e árvore. É muito triste a repercussão que o fato teve, porque houve uma divulgação parcial com uma narrativa mentirosa! Que não foram abordados por nenhum segurança, ou qualquer outra pessoa, porque todos viram que estavam simplesmente dançando. Se fosse uma dança de cunho racista seriam linchados e presos na hora! Que só pararam de dançar porque o celular da sua amiga foi roubado na roda de samba. Jamais faria qualquer dança ou ato de cunho racista. Tudo isso está provado na investigação que tramita na Polícia Civil." O que diz a defesa de Carolina Os advogados se pronunciaram através da seguinte nota: "Esta defesa técnica vem esclarecer que a dança realizada por CAROLINA não tinha sentido discriminatório, tendo sido inclusive imitado movimentos de outros animais durante a dança, tais como pássaros e caranguejos. Aliás, cumpre expor à sociedade que CAROLINA é professora de música e movimento, dirigindo oficinas de dança há anos. Após vários cursos de formação, leciona para pessoas a partir de 2 anos, sendo que o uso de animais no meio das danças é atividade lúdica e atrativa, não tendo conotação racista, tal como já explicado pela Asociacion Orff-Schulwerk, onde CAROLINA se especializou. Muito ao contrário de discriminar, o uso em animais em danças promove a inclusão e a diversidade, o que é sustentado por CAROLINA em aulas, palestras e congressos, pois indica a coexistência harmônica de diversas espécies em um espaço. Na noite em questão CAROLINA e THIAGO jamais tiveram qualquer intenção discriminatória, sendo totalmente injusta a interpretação de uma conotação preconceituosa feita a partir de um recorte de filmagem, que não corresponde à realidade. Por fim, afirma-se que tudo está sendo esclarecido à Autoridade Policial, inclusive com o envio de documentos comprobatórios, cuja análise certamente levará a conclusão de falta de ofensividade na dança".

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/08/28/depoimento-professor-danca-roda-de-samba.ghtml


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